Ao meu avô
Dedicado a Celmyro Mesquita
Hoje é o aniversário do meu avô.
Pego-me imaginando, em meados de 30, o parto da parteira
Toda aquela correria esplêndida, de fazê-lo nascer.
Seus olhos, que neste mundo viram
As oportunidades que viriam
De um pobre menino
À espera da primavera.
E a primavera de fato veio
Fez-se homem por inteiro,
E como Homero, decidido
Traçou a linha de sua vida.
Com orgulho no peito, vô, te lembro,
E consagro a ti este poema
Que quando me tinhas em teus braços
Me cuidavas e me sentias,
E em meus olhos enxergavas,
A mesma centelha de faísca
Da chama dos Mesquita.
Devo tudo a ti, meu senhor
Que agora jaz no cemitério
Devo os traços que me deste
E a educação que me ensinaste.
E n’algum dia que certo chega
Hei de sentar-me de novo à mesa
E hei de conversar contigo,
Como fazíamos quando vivias.
Hei então de beijar-te a mão,
O rosto que me fora santo
E então Deus nos concederá
A eternidade para conversar.
Havermos de junto estar, vô
N’algum canto do paraíso
Já que esperas, tão feliz
Teu neto que te ama.