ESQUINAS

 

Muito tempo errante,

Caminhante do mesmo lugar,

As esquinas antigas,

Tornaram-se amigas,

Molduras do seu olhar.

Muito tempo distante,

Da amante amada,

Partiu em uma madrugada,

Cismou de virar estrela.

Muito tempo sem vê-la,

Pela casa a cantarolar,

As canções de Belchior,

Ele ao redor,

Ouvindo, sorrindo,

Fluindo...

Sentindo se privilegiado,

Um menino encantado,

Poetizado em esplendor.

Tinha muito amor,

Para oferecê-la,

O desejo de envelhecer,

Ao teu lado,

Trata-la com todo cuidado,

Que ela merecia,

Tinha tantas utopias,

Para compartilhar,

Tanto mar para ver,

Panoramas tropicais,

Tanta coisa para fazer.

E ela foi embora cedo demais.

Muito tempo envolvido,

Com a saudade,

Fragilmente entregue,

Tentando retomar o sentido,

Mas, sem ela, não consegue,

Abrir a realidade.

Muito tempo ido...

E ele perdido,

                   Perdido,

                               Perdido...

 

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Para um amigo.