Lembranças de Salvelina
Às vezes, na solidão do meu quarto, me pergunto:
Será que esse sentimento é uma benção ou uma maldição?
Quero dizer, é normal, mesmo que rodeado de pessoas,
Sentir-me tão solitário quanto um pássaro que cai do ninho?
Falta algo aqui dentro do peito, desde que acordo
Até o momento em que recosto a cabeça no travesseiro.
Será que, junto com ela, se foi minha vontade de viver?
Em verdade, eu garanto que, se não fosse descaso com o seu sacrifício,
Eu já teria desistido dessa existência de dor e sofrimento...
Desistir, tal palavra nunca escutei de sua boca,
Nem mesmo no hospital, quando escutei sua voz rouca.
Você era a esperança? Era o brilho do sol na janela?
Oras, você era apenas uma senhora com o coração de donzela!
Por que sinto que em todo lugar que olho eu vejo um pouco de você?
Talvez seja porque tudo lembra a senhora?
Talvez seja porque o meu relógio já não marca mais a hora?
Mas então, por que, mesmo tendo feito de tudo, minha saudade não vai embora?
Sabe, não sei ao certo se choro ou se suspiro aliviado.
É até engraçado, esse sentimento por todos amaldiçoado;
Em minha boca é algo agridoce, salgado pela dor de ter te perdido,
Mas também é doce, pois VIVEMOS 26 anos lado a lado!
Será que um dia meus poemas, pelos teus inspirados,
Chegarão aí do outro lado desse véu até seus ouvidos?
Será que meu nome e ofício de poeta te dará o orgulho
Que em vida só pela minha boa conduta pude dá-lo?