VITROLA VELHA
Vitrola velha
Cardoso I
Estes sons que agora esculto,
Nem sempre foram meus,
É que eles tocavam numa vitrola velha,
A que meu avô me deu;
Ele costumava ouvir,
Sempre no cair da tarde,
Dançando e cantarolando,
Pelo baile da saudade;
Meu avô, embora idoso
Era muito divertido,
Bailava pela sala da casa,
Com vovó ou com amigos;
Essas lembranças ficaram comigo,
Bem guardadas na memória,
Sempre que o visitava,
Ao sair lá da escola;
Mamãe trabalhava muito,
Sempre me deixava lá
Na companhia dos meus avos,
Nunca parava de brincar;
Mas de todas as lembranças,
A que eu mais me recordo,
Era a música de vitrola,
Quando lembro, sempre choro;
Quantas saudades eu tenho,
Das tardes de domingo,
Vovô com a velha vitrola,
E fumando seu cachimbo;
O tempo passou tão depressa,
Mas a saudade nunca fora apagada,
Para me sentir consolodada,
Sempre durmo embalada,
Ao som da velha vitrola,
Agora sé resta saudades,
Daquele som que tocava a alma.