Serpente de estrelas
O brilho do teu negro olhar
revela a magia
do luar
entre os seus cabelos
seus dedos
e a presença das ondas no mar
que não findam
nos vôos e véus noturnos
e derramam-se em pérolas
cristalinas de luz e suor
em tua pele
cor de terra
jambo e tons pardos
vida em seu corpo.
O amor pulsa
e se desfaz
gota a gota.
Em tuas mãos
alcanço o eterno infinito
do horizonte
e nada mais.
O centro
dessa chama
que se acende
por si própria
e se esvai
na textura
de tuas curvas sem fim
estradas que não chegam a lugar algum.
A loucura
entreaberta
acaricia a solidão
numa noite bela de verão
e se Tom Jobim estivesse aqui
com certeza
cantaria o nosso amor aos quatro ventos.
Cantaria as palavras que não podem ser ditas
no rubro e nas etéreas horas
que não cessam.
E as serpentes de estrelas
a serpentear em teu olhar
da cor do céu em tempestade
Meus sonhos adormecidos,
- meus gemidos -
em teu peito a descansar:
a falta que você me faz.
O sol aos poucos se vai
atrás das nuvens brancas
e a lua ilumina-se toda
por trás da ternura
e do pôr-do-sol.
Estrelas,
vampiros,
caracóis
e a alma:
resquícios de um grande amor
entre a serpente
e as estrelas que nunca findam
em teu negro olhar.
(Para o meu amor. Com muito amor no meu coração de fogo).