LUZ E SOMBRA
Na tela fria da saudade
Sua bela moldura ainda resiste
O coração já não faz alarde
Pois se acostumou a ser triste
Uma lágrima burila no quarto escuro
De leve oscila e dos olhos cai
Orvalhos sobre um fruto maduro
Que no sol da manhã se esvai
Paletas e molduras já esquecidas
Cenas que não voltam mais
Desejos ardentes de bocas mordidas
Tela pintada à luz dos castiçais
Pintura indelével que resiste ao tempo
Imagens na pele memória que ficou
A gente se sentia no rastro do vento
Teu olhar na tela o tempo apagou.