Infinita Saudade
Ninguém sabe o que é saudade,
Até que ela bata à sua porta com vontade,
E muitas vezes, inutilmente, tenta não abrir,
Ela derruba a porta e se instala sem pedir.
Revira suas roupas, mistura as meias e sapatos, com frenesi,
A louça largada dia a dia na pia parece nunca ter fim,
A saudade leva toda vontade de organizar e gerir
Leva sem piedade até a vontade de dormir.
E nas noites insones, lá está ela, pronta para agir,
Traz lembranças tristes que queria não mais sentir,
Esfrega na tua cara fotos e perdas somente para te ferir
E não satisfeita, enche teus olhos de lágrimas que tenta engolir.
Te faz lembrar de um tempo que era feliz,
Dos beijos e abraços, dos amassos, do amor sem fim,
Dos acontecimentos que a faz existir e o mundo ruir,
Dos arrependimentos do que nunca foi dito, sentido.
A morte, talvez de um ente querido ou de um amor vivido,
É a pior saudade que pode vir, vem sem aviso, sem ser pedido,
Vive-se os dias na tentativa de diminuir uma dor que não vai sair,
Quando a morte leva, quem fica vive pela metade o que era pra vir.