NO VENTO UMA SAUDADE
O vento desarruma os cabelos.
Faz dançar as folhas no jardim em redemoinho.
Esvoaça as roupas penduradas no varal.
Um olhar perdido segue o desfile das nuvens.
Pensamentos dispersos voam ao sabor do vento.
Sem querer, buscam tua imagem no tempo.
Não se ama, mas tudo acontece nos sonhos.
A saudade é uma bagagem pesada,
que sufoca o peito e inflama a pele.
Na borboleta tatuada por teus dedos,
permanece o gosto da tua presença.
Enquanto um aroma perfuma o ar,
invadindo a solidão do corpo.
Não há fuga do completo esquecimento.
Assim nos entregamos a esses devaneios,
à medida que a tarde vai caindo.
(Cida Vieira)