Memórias
O que são os meus pedaços,
Senão cacos afiados de recordação
Num cômodo desarrumado da minha cabeça
Cortando, precisamente, meu coração
Que seja, então, para meu alívio
O teu retrato cor sépia-saudade
Imagem revelada da brevidade
Placebo às minhas feridas
Quiçá souvenir, o teu sorriso
Postimeiro, em minha estante
Dentre os nossos discos
Velhos sons e risos
Ecos espalhados pela casa
Sem chão, sem teto, sem nada
Apenas o que restou de nós
Indesatáveis nós.
Em memória de Paulo César.