DIAMANTINA

DIAMANTINA

A vida desenha, em mim,

um outro homem,

agora sulcado, duro, desfigurado,

impossível de ser retratado

e retocado.

...

Aquele homem que eu era

perdeu-se

em outro continente,

distante dos meus olhos,

onde meus familiares,

distantes de mim,

velam pela minha existência.

...

E estas estradas de chão,

pedregosas, estéreis,

sem o abrigo do verde

devastado pela ganância humana

- a busca por diamantes –

fere meus sentimentos.

...

Mas o vazio deste tempo

não mata a esperança,

o sonho ingênuo de liberdade.

...

Ele me fortalece

para um futuro incerto, nebuloso,

pesado:

este peso sobre os ombros

que permanecerá em nossas vidas

destroçadas pelo trabalho escravo.

NELSON MARZULLO TANGERINI

...

Poema escrito em Diamantina, MG,

em janeiro de 2001,

após ter andado descalço

pelo “Caminho dos Escravos”.

...

Nelson Marzullo Tangerini
Enviado por Nelson Marzullo Tangerini em 09/03/2024
Reeditado em 09/03/2024
Código do texto: T8015708
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