ESCOMBROS
Hoje, pensando nela
decidi fazer uma visita.
Faria uma surpresa,
desafiaria o acaso.
Fui ao encontro dela,
mesmo sabendo,
estava fora do prazo.
Percorri os mesmos caminhos.
Caminhei no mesmo ritmo de outrora,
subi ladeiras, desci escadas.
O coração bateu forte.
Contei cada um daqueles degraus,
treze, o número da sorte.
O jardim daquela casa,
onde com audácia roubei uma rosa
e entreguei a ela todo prosa,
lá não mais estava.
Aquela árvore, toda frondosa
onde numa tarde de verão
com o canivete gravei o nome dela
já não existia, não existia não.
Dobrei a esquina, atravessei a rua,
pisei as mesmas calçadas,
estavam bem diferentes,
de quando felizes passeavamos de mãos dadas.
Contudo, na ilusão do reencontro
segui resoluto, segui em frente.
No endereço, onde houvera momentos felizes em vida,
hoje tem outra construção
Aquela casa fora demolida
Nada daquilo ficou,
sequer o portão azul, de madeira,
testemunha de nossos desejos,
que acobertava, de certa maneira,
despedidas repletas de beijos,
São escombros sobre os sentimentos
Tudo passa, tudo termina
Despertei para a realidade
Fui ao encontro daquela menina
Encontrei apenas saudade.