Lágrimas
Súbita
Música
Minha musa muda canta
Cega
Perfeita
Absurda
Não lhe via, mas lhe imaginava
Quase perdi as noções
E todas as imperfeições...
Sempre que ouço os refrões
Os simples bordões
Sempre das mesmas canções
Me faltam palavras, assim como o ar que me falta quando caem as lágrimas
Sempre que lembro
O que te digo, o que penso
E lamento
Sempre nos mesmos momentos
Dos mesmos dilemas
Do mesmo cansaço que vem todo o dia
Eu tento, eu juro que tento
Seguir em frente, não olhar pra trás
Lágrimas caem pela areia
As pegadas não ficam, mas as manchas permanecem
E eu? Jamais.
Doce, áspero
Teu cheiro
Amargas
Palavras que saem da sua boca
Metralhavam as paredes da minha cabeça
O grito
A culpa
Desculpa.
Não assim
Nem nunca
Não dessa vez
Abrupta.
Término
Térmico
Esquentam-se as cabeças
Revelam incertezas
E quando quando cada um vai pro seu canto
Do céu lágrimas caem
Dos teus olhos vermelhos
Da minha cara acabada
Lembra?
Das viagens marcadas
Dos momentos sem graça
Das risadas? Lembra?
Do Tédio.
Irreversível, o estrago
As facadas (nas costas)
Uma a uma
As desconfianças
Esperanças
De que algo mude
Perdidas porque nunca adianta
Nas mesmas canecas, o mesmo fundo vazio de café
As olheiras surreais
Sonhando acordado
Preso ao pacto, a dança
Tecendo palavras
Argumentos
Respostas pras discussões que se foram
E tudo o que daria para tê-las de volta
E nada do que pode oferecer pra conseguir isso
A queda
Irreconciliável
Tragédia mais que Grega
De todas as certezas
Há uma mais certa que todas as outras...
Derramam letras num papel
Das cartas nunca entregues
Lágrimas pela tinta
Pela grama
E pelo túmulo
A chuva que cai lá fora
Não poderemos voltar atrás
Estamos distantes demais das cidades
E nossos tempos são outros
Lágrimas caem
Você já sabe
É o de sempre
Da mesma rua
Do mesmo nome
Meu telefone?
Já se esqueceu?
Ensaiando no espelho
Perguntas e respostas
Ligação
Antecipação
No outro lado da linha
O número foi desativado
Senti saudades de novo...