Falta

Havia tempo, que sentia falta do sentimento de falta

Não da dependência e compulsão para a pré-existência de qualquer coisa

Mas da convicção de se ouvir a sutileza dos sinais da alma

Se esforçando para demonstrar à densidade

Que fragmentos ausentes, deixam lacunas

~

E lacunas ecoam um grito de coisa qualquer

Um qualquer que seja

Um amor apenas ou à duras penas

De se existir sem se saber a presença

Mas não me revolto, pois a re-volta é somente pra quem já foi, re-foi e voltou, então

Eu que ainda não fui, ponho-me à imaginar só

O mar nos olhos

E as ilhas as quais só eu vejo e velejo

No recurvar do horizonte das criações de Te Fiti

~

Mas ainda assim sobrevivo e sou suficiente, sem futuro e sem passado

Pois em toda a minha suficiência, existe um presente

Que é o Presente por si só

De viver à fluência de estar lá, ou aqui

Deixando nascer da forma mais pura

O momento livre, de juízo e tortura

O qual só me dura os segundos quais ele surge

~

E permanece escrito aqui, me lendo por dentro