SINTO SAUDADES DE MIM!
Quando chove e as folhas secas
Acolhidas pelo chão
E as invisíveis bactérias
Em perfeita comunhão
Preparam um perfume natural
Numa poesia de acolhida,
Prazer e consagração.
De um odor sem igual.
xXx
Os pés descalços revolvem
Na avermelhada lama
Os resíduos dessa saudade
Como raízes buscando a seiva
À alma e ao coração
E o meu corpo molhado
No quintal dessa infância...
xXx
Quando o vento embaralha
Os fios dos meus cabelos
Fazendo nós no novelo
Da lembrança que vagueia
E no tempo serpenteia
Como pipas dançando no céu
Voo também na saudade,
Nesse anelo que invade
Nesse grande carrossel...
xXx
E nesse tropel circunscrito
A saudade é um infinito
Guardado dentro do peito.
Com razão e sem direito.
É presença sem o ser.
Quando o abraço de alguém,
Traz o sentimento perdido
Na fluidez da manhã,
Na voz do tempo louçã
Das cantigas que a vida
Nunca deixa de tocar.
xXx
Sinto saudades de mim...
Quando me olho no espelho
Como as areias do mar
Nesse devir de saudades
De ondas em movimento,
Na linha do horizonte,
Faz-me espera e esperança
De ver-me um dia chegar
Voltando ao meu encontro
Nestes meus olhos de amar...
By Nina Costa, in 19/01/2023.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.