ENTRE OS VERSOS DA SAUDADE

Eu fui a terra visitar,

Depois que Deus me chamou,

Pedi a ele e ele deixou,

Mas me pediu pra não chorar,

Eu aceitei a condição,

Mas por pura precaução,

Levei comigo meu lenço,

Eu desci pra lá contente,

Mas achei tão diferente,

Que chega dói quando penso.

Entrei em casa assustado,

Mamãe e Papai dormindo,

Senti o amor me invadindo,

E me deitei bem do lado,

Enxerguei como me pegavam,

E no colo colocavam,

Transformando tudo em calma,

Depois sozinho me despedi,

E foi ali que entendi,

Que eu não passava mais de alma.

No meu quarto a mesma cama,

Que mamãe me deu carinho,

Na janela o passarinho,

Ainda hoje me chama,

Senti o cheirinho da terra,

E de tudo que se encerra,

No dia que Deus traz a gente,

Senti que não morre o amor,

Porém quem traz o rancor,

Não consegue seguir em frente.

Tudo olhei de uma maneira mais especial,

Do cantar do velho galo,

Ao barulho do badalo,

Do chocalho no curral,

Eu me vi lá na infância,

Sentindo a mesma fragrância,

Do jardim dos meus avós,

Mas que meus versos declamados,

Tinham sido sepultados,

Com o som da minha voz.

Sem ninguém me escutar,

Eu lembrei quando fingia,

E calado me escondia,

Pra o meu pai não me achar,

Mando essa carta de onde estou,

E o conselho que eu dou,

É você aproveitar,

Que a saudade é um tormento,

E às vezes até no vento,

Eu sinto o aroma do lar.

Seja grato a quem controla,

Procurando te ensinar,

Agradeça por brincar,

Soltar pipa, jogar bola,

E se um dia reclamei,

Hoje sei que eu errei,

Por não ter compreendido,

Que tudo aí tem valor,

Mas que se tudo fosse flor,

Nem tudo teria sentido.

Silmar Melo
Enviado por Silmar Melo em 11/01/2024
Código do texto: T7974183
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