Sotavento
Terríveis fraquezas mortais
se compõem em novo horizonte
Projetando a partida a vista sobre o cais;
— Que trejeitos têm os navegantes!
Se apossaram da coragem
Os quais se entregaram pelo amor ao mar
Com a certeza de atenderem
O que o coração lhes vêm sussurrar
Detidos, investem, em tal funesta paixão
Pela desgraçada jornada no imenso mar,
Para transpor a borrasca, sem direção;
Tentam empreender à razão ao verbo amar.
Pois, que trejeitos têm esses navegantes!
Que ora reclamam a partida
E logo aventuram-se como amantes
Destemidos à hora chegada
Deixando familiares.
Deixando amizades;
Sonhos; amores;
Saudades.
A saudade infinda que perfila a fronte,
— Anunciam as chuvas primaveris,
Hoje, dia cinza, que a saudade vem mais forte!
— Quisera sentir o cheiro do mar dantes
Que o gosto das lágrimas
Que rolam afluentes
Ao verter das órbitas
Caudalosas torrentes!
Essas mortais fraquezas
Que, por vezes aparecem,
São da alma a assaz profundeza
Que afirmam e adornam
Com lisura e beleza,
(Por falta de outra metáfora) que suplanta o próprio mar,
Tal sentimento, em profundeza,
Que só cresce com a distância d'onde fizemos nosso lar.