Sotavento

Terríveis fraquezas mortais

se compõem em novo horizonte

Projetando a partida a vista sobre o cais;

— Que trejeitos têm os navegantes!

Se apossaram da coragem

Os quais se entregaram pelo amor ao mar

Com a certeza de atenderem

O que o coração lhes vêm sussurrar

Detidos, investem, em tal funesta paixão

Pela desgraçada jornada no imenso mar,

Para transpor a borrasca, sem direção;

Tentam empreender à razão ao verbo amar.

Pois, que trejeitos têm esses navegantes!

Que ora reclamam a partida

E logo aventuram-se como amantes

Destemidos à hora chegada

Deixando familiares.

Deixando amizades;

Sonhos; amores;

Saudades.

A saudade infinda que perfila a fronte,

— Anunciam as chuvas primaveris,

Hoje, dia cinza, que a saudade vem mais forte!

— Quisera sentir o cheiro do mar dantes

Que o gosto das lágrimas

Que rolam afluentes

Ao verter das órbitas

Caudalosas torrentes!

Essas mortais fraquezas

Que, por vezes aparecem,

São da alma a assaz profundeza

Que afirmam e adornam

Com lisura e beleza,

(Por falta de outra metáfora) que suplanta o próprio mar,

Tal sentimento, em profundeza,

Que só cresce com a distância d'onde fizemos nosso lar.

Iuri Oliveira
Enviado por Iuri Oliveira em 03/01/2024
Código do texto: T7968117
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