VELHA INFÂNCIA

 

Saudade daquele tempo

Do cafuné da minha mãe

Do carão do pai amado

E a benção? tem pai, não?

 

Do catado dos piolhos

Do repuxado do cabelo

Da cachaça na cabeça

Do fuxico do meu irmão

.

Da fingida dor de barriga

O óleo de rícino já na mão

Do vou chamar logo teu pai

Fecha os olhos, não olha não.

 

Tapa o nariz que desce fácil

Sempre falava a minha mãe

Com uma banda de laranja

Abre a boca, não teima não.

 

Do melhoral à meia-noite

Da Cibalena e do Fontol

Chá de cidreira adocicado

Fogão a lenha, o lampião.

 

Da reza da benzedeira

Do difruço, da meizinha

Do dodói, olho grudado

O colírio azul, a salvação.

 

Da picada da mutuca

Da andança no sertão

Do colo da minha mãe

Da minha rede no salão.