SAUDADE
A saudade machuca
Como a ponta do aguilhão;
Corta o nosso fôlego
Joga-nos no turbilhão.
Inunda de tristeza
Essa forte correnteza
Que prende como grilhão.
O ausente tão presente,
Eternizado dentro de nós,
Os muitos bons momentos;
Como o tempo é feroz!
Um bravo leão predador,
Soco de um boxeador
Verdadeiro porta-voz.
Anunciando o temido fim
O prazo de validade,
Mostra que tudo passa
E o que resta e a saudade.
Saudade de quem partiu
Que foi de forma sutil
Numa estranha velocidade.
Espaço que não preenche,
Lacrado com nostalgia.
Cratera no coração
Não fecha com cirurgia;
Essa carência e agonia,
Que causa tedio, insônia;
Que mina nossa energia.
Mas o que nos fortalece
É guardar a lembrança,
Que nos faz rir sozinhos,
Renovando a esperança,
Que a lagrima cessará
E toda dor sarará
Quem acredita descansa.