TORRE ALBINA

TORRE ALBINA

(Dux Pellegrino/Gerson Zequim, 2023)

Outra viagem longa imposta pelo destino

Uma escolha dura sem lugar para reclame

De uma espaçosa casa no pantanal infame

A um “apertamento” no litoral nordestino

No cume da primeira vultuosa torre albina

A moderna construção de atrativos repleta

Dezoito lances verticalmente ereta

A menina dos olhos da periferia nobre

Embora calçada, alagada pelo Capibaribe

Que separa Camaragibe da porção pobre

A favela sofrida com a mente cauterizada

Um enclave social para a urbe elitizada

A torre branca é prisão para um matuto

Que chora o luto de não vagar no quintal

Com saudade do vento quente farfalhante

Espalhando folhas secas na rua secreta

Pernoite ao relento sem som nem brilho

Em sigilo um perfeito plano ele arquiteta

Sem despeito algum projeta seu retorno

Mesmo que seja num casebre sem adorno

No caminho de casa, nisso só pensa o filho.

“Translado forçado para ocupar a vaga tão sonhada para os filhos no colégio militar de Recife”