Refaz-me
*
Ó noite, não tardes, vinga!
E recai sobre minha cama,
traiçoeira
Deixa em meus lençóis
Leituras marginais
E espalha meus desejos
Como areia
Impassível,
Luz na qual me perco,
destrói toda razão
a qual me presto
Arranca
Minha língua do deserto
Faz-me recriar
A incontestável arte
Desenha
Tatuagens de Sol
Com átomos
- absorvo -
E faz companhia
A minha ilegalidade.
Como os sonhos
indevidos
Que me bastam
Como manuscritos
Do Mar Morto
E sua fragilidade.
Não tardes
Ó Noite,
Refaz-me.
(Jessiely)