A minha criança nunca morreu
A minha pureza
A minha leveza
A minha curiosidade
O meu entusiasmo
A minha ingenuidade
A minha simplicidade
O meu lado menos denso
Menos tenso
Menos consciente do tempo
O mais vasto, o mais lúdico
Os meus olhos que as outras crianças procuram
E encontram uma criança que nunca morreu
Que vive dentro de um corpo adulto
Que mais do que o influencia
É parte integral do meu espírito
Como um feto dentro do útero
Que continua queimando como alma
Mesmo cercada de tanta seriedade e melancolia
Mesmo debaixo de tantas camadas de decepção e ensinamentos duros
Como uma chama que me esquenta do frio da escuridão sem vida
Da noite eterna
Daquela certeza que nos espera.
Elas procuram e encontram a esperança nos meus olhos
A crença mais insana, a ilusão mais invencível
Mesmo dentro de uma mente ateia
De dualidade e juízo sóbrio
Mas também a crença mais bela,
De criança, irresistível
Encontram uma infância que teima de saudade, inesquecível