Seus olhos pai
Você partiu misterioso,
Num voo sem regresso
Eu fui até o muro e chorei...
Minhas lágrimas foram tantas,
Que o próprio muro tremia,
Como um dique a romper-se.
Porém, todas elas encharcaram
Somente o lado de cá...
Quando olhei no espelho,
Vi seus olhos em mim mesmo
E voltei a sofrer...
Um pouco de você, ficou em mim!
Meu pai!
Os meus olhos transbordaram
Como safiras tristes,
Como mananciais da saudade.
Eu não vou lhe esquecer,
Que outros o esqueçam...
Seus olhos estão em mim
E serão meus luzeiros quando
Eu transpuzer o muro, enfim!
E do outro lado, talvez esteja
Esperando pelos seus olhos...
Lhe entregarei com prazer,
a mim já serão vãos,
Pois, seguirei segurando
Firme nas tuas mãos!