J. Rubens!

 

 

[evangelhista da silva]

 

 

 

Se foi

um amigo

quando amigo

já não se há

eis que chega ela

a infame e sacana desonra

a morte.

 

Esta inimiga inseparável

tragou o meu único e terno amigo

e ele sumiu no vão do infinito

sem ao menos dizer-me adeus.

 

Inexplicavelmente não houve tempo

vir a saber muito depois

e neste vazio que se nos separa à vida

ele sumiu eternamente.

 

E como o éter diluiu-se no ar

que desgraça é a morte

sabe de uma coisa

sinto sede de ser ateu.

 

Mas como se me explicar tudo, - meu Deus

se ao menos sei lá quem sou

é morrer no esquecimento dos meus desenganos.

 

Ah, morrer

é a pior das sinfonias

ouço Beethoven a 9ª

e ela se me desperta para a Valsa do Adeus

e no barco da morte viajo no tempo

perdido nesta triste agonia.

 

É Zé...

Santo Antônio de Jesus não há mais

você partiu daqui à senda do infinito

que irônica é a vida

sem tempo de se nos despedir.

 

Quem sabe, um dia, talvez

encontrar-nos-emos para sorver

quem sabe

a última cerveja

meu amigo

Adeus!

 

 

Santo Antônio de Jesus.

Raymundo Evangelhista
Enviado por Raymundo Evangelhista em 02/10/2023
Reeditado em 01/01/2024
Código do texto: T7899743
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