Um banco de madeira para recordar
Um simples banco de madeira
que o tempo poupa da destruição,
coberto por uma velha colcha de tear
no qual nos sentávamos,
pois mesmo não sendo confortável
havia um carinho especial,
pois o chamávamos
de cantinho das histórias
nossa terra mágica
para Sonhar
Era ali que eu pousava
a minha pequena cabeça no seu colo
e passava horas ouvindo suas histórias,
que hoje não sei dizer
se eram todas verdadeiras, ou inventadas,
mas o que importa era o quanto elas eram belas
e fazia a minha mente infantil viajar.
O banco continua ali,
como se fosse esquecido
ou ignorado pelo senhor destino.
Até mesmo a colcha já puída
ainda o recobre
e às vezes eu me sento nele
como se fosse possível fazer os anos voltarem
e eu ser novamente um menino
para o seu afeto senti-lo
e as suas carinhosas mãos sobre o meu cabelo passear.
Então quando estou lá,
de alguma forma escuto a sua voz
e até a sua risada sonora,
por um instante quase me esqueço
que você já não está mais aqui,
embora na minha mente
e no meu coração você sempre permanecerá.
Deslizo os dedos pela madeira talhada,
sinto o grosso da poeira que o recobre
e tento acionar um mecanismo
que seja capaz de afastar o medo e a tristeza,
me envolvendo novamente com o carinho e a proteção
de uma época finita,
na qual eu não tinha a consciência
de que um dia iria acabar.
Fecho os olhos
e quase posso sentir seu toque no meu rosto,
uma singela forma de me lembrar
que não é a morte forte o suficiente
para destruir o amor
e muito menos separar duas almas
que mesmo não estando juntas
no Infinito distante do cosmos
estão fadadas a se reencontrar.