sarau
uma harpa no salão
as notas agudas gemendo por dentro
olhos em silêncio
rezando poesias
e, milhões encontros e desencontros
de almas
a luminescência discreta da vela,
a dar um ar lúgubre e medieval
o eterno quixote de vígilia
dos sonhos,
sonhos infinitos,
sonhos inacabados,
sonhos grotescos
de seres transgressíveis
a patela das pernas
os pés,
o grego junto ao som da harpa
arquitetaram um olimpo de semideuses
e semideusas
a procura de eros
amor e deseperança,
o labirinto dos sentimentos,
o turbilhão de pensamentos
na dinâmica universal,
no metabolismo híbrido
e contemporâneo
infelicidades expostas
agonias presumidas,
esquartejadas pelos cantos.
olhos que não olham,
apenas choram
pelo poeta triste.
silêncio,
poesia,
um copo gelado na mão
e, um coração latente
que antes de julgar
acreditava na universalidade
de ser digno.
dignidade de gueto
dignidade sub-reptícia
encoberta,
oculta
por pretensa masculidade estética
por explicíta
feminilidade mutilada.
Restos de poesia,
cacos de cristais
refletindo luzes, sentidas
e pressentidas pelo olimpo inteiro.