Depois da chuva, a saudade.
Hoje, eu sinto frio
Já não tenho mais vontade
de sair para brincar
Pode até ser que esteja quente o dia
Livrai-me, oh mãe. Livrai nosso jardim
Do espinheiro imperioso
A limitar-me a alma, sempre que ela sonha
Deixe-me lembrança
Dessa comunhão
Para escrevê-la em poesia
Num dia de águas mansas
Agora eu sinto frio
A vida é muito diferente
Quando a hora é de viver
O mundo não possui a alma tão poética
Lá fora, a rua está tão triste
Triste igual a um coração vazio
Mas o céu ainda é bonito
E o limite do vazio é o infinito
Do frio ao flamejante
No espelho, o sol revida
Quando chega a hora, não demora instante
O olhar brilhante, recalcitra ao frio das mãos
O que será que existe atrás daquele muro?
Talvez, o tempo bom
Não, não tenha medo do futuro
Hoje o dia está vazio
Volta a ventania, após dar volta ao mundo
Traz de volta uma canção
À prece, aquela pressa esbaforida
Luz da vela, dê sentido à vida
No ímpeto incontido, a tarde calma
O vento morno
À placidez das águas, sal compartilhado
Tempestades, nunca mais
Medo da vida ou de sentir vontade
De sair para brincar
Brincar do tempo da felicidade,
Riscar amarelinha em giz
Hoje está tão frio
E eu já não sinto mais coragem
de sair à rua
Não mais...mas queria querer
Outra vez, como outro dia quis.
Edson Ricardo Paiva.