MINHA AVÓZINHA
Uma caixa de lenha
fogo aceso desde manhã
na cozinha escura
teto coberto de picumã.
Vejo uma velha mulher
sua face tranquila
com uma colher
mexendo doce de gila.
Tem cabelos brancos
em grossa trança.
Ela aviva o braseiro
e com voz mansa
oferece café caseiro
do bule à beira do fogão.
Por um momento
pausa essa dura batalha
sai do aposento
para pitar seu cigarro de palha.
Vive em mim essa cozinheira
que preparava arroz e feijão
mulher forte e guerreira
que assava na chapa
milho e pinhão.
Vejo-a também
junto ao forno de tijolo
assando seu pão e seu bolo
calçando chinelas
e vestindo algodão.
É minha vózinha
com quem convivi
chamada Mariquinha
que cuidou de mim
desde que nasci.