Paraíso
O cheiro da terra molhada ainda aguça os sentidos,
O verde pasto,
Bois no terreiro.
Vacas no curral,
Aguardam sua vez na ordenha.
A pequena horta,
Galinhas esperam o milho.
A cana debulhada para o trato do gado.
Chiqueiro com porcos tratados,
E limpo.
O pomar com flores de laranjeira,
O limoeiro,
Tem no ar,
Seus espinhos em atrito.
A casa simples,
De fogão à lenha,
Forno assa o pão e o milho,
O café sendo coado,
Enquanto,
Pela janela meus olhos se perdem,
A Imensidão do verde,
Para alma,
É abrigo.
Fumo de rolo sendo queimado,
Roda de viola,
Prosa de amigos,
A cachaça que aquece o peito,
Fogueira que queima,
As nossas tristezas,
É nosso alívio.
A cidade toda enfeitada,
Quermesse da igreja,
Todos os santos reunidos,
No banco da praça,
Sentada ao meu lado,
Àquela,
Que apesar do tempo,
Ainda me faz perder os sentidos.
"Busque o que te dá prazer",
Vivo então em busca das lembranças,
De um homem que era criança,
Apesar do duro trabalho,
Carregava no peito uma certa esperança,
De que ali seria seu lugar,
Disposto a esperar a hora,
Do envelhecer,
E encher os pulmões,
Daquele ar,
Em seu último suspiro.
Nostalgia é acalento,
Enquanto a esperança se afoga no mar de angústia,
A ilusão se perde no labirinto da razão,
Não há como voltar ao passado,
Sem máquinas de viagem no tempo,
Mágicas,
Poções,
Ou feitiços,
Sem morder a maçã,
E com castigo de Adão,
Nunca me esqueci do paraíso.