A moça da lanchonete
São José, 30/06/23, 11h21
Saúdo em especial os dias de inverno em que eu, com meus 19 anos, ia à lanchonete da antiga ETFSC tomar café com leite com meus amigos do curso de Eletrônica e ficar suspirando por uma das atendentes, por quem me apaixonei por uns 20 anos e a quem sou grato por todo amor, humildade e sabedoria que compartilhou comigo...
Oh, moça do café, sequer imaginavas
que o cafezinho que eu tanto te pedia
era pretexto para ter-te a companhia
que em silêncio eu muito enamorava.
Na lanchonete um burburinho se instalava
mas o teu rosto era meu único foco
e eu te confesso que era um sufoco
quando eu chegava e não te encontrava.
Eu me formei enquanto eras atendente,
seguiste a vida, foste mais valente,
estudaste direito e tiveste um filho.
Eu, deste lado do papel, estacionei
minhas paixões mais importantes, mas hei
de te rever ao retomar meus trilhos.
E caso queira o meu destino que eu carregue
só a saudade no meu colo, não me negues
saber notícias tuas e como está teu filho.
O amor que tu me deste era ouro e não durou
porque a tola mocidade nunca me deixou
que eu me tocasse dessa bênção bem à frente.
Fica bem, minha querida, e me perdoa
qualquer ferida minha que 'inda te doa
porque em mim dó mais viver de ti ausente.