Contorcionismo do abandono
Na noite passada, contorci-me no meu leito,
De um lado para o outro, sem achar sossego.
Antes, eras tu o motivo do meu sono,
A inspiração que me despertava com abandono.
A energia fluía em meus pés como um caminhante,
Na busca incessante pelo fogo dos amantes.
Mas hoje, ah, hoje, despertei sem pulsação,
Sem sentido, sem brilho, vazio como solidão.
Meu olhar embaçou-se, desprovido de luz,
O diafragma inerte, incapaz de trazer azul.
E tudo se agravou, nada se transformou,
Tristeza e incerteza, um misto que me assolou.
As damas que cuidavam do meu ser,
Não desejam mais crescer, sem forças para viver.
E nada me faz querer merecer tua volta,
Pois a tristeza prevalece, a esperança se solta.