UMA PADROEIRA DE FAVORES!
Conheci-a. Chamava-se Raimunda.
Raimunda, de roupa, a Lavadeira;
Raimunda, de roupa, a Passadeira.
Esquelética. Pobre Raimunda!
E, morava num infecto quarteirão
Da primeira e conhecida “Rua Velha”,
Numa casa caindo as telhas...
Era pobre, mas rica de coração!
Uma padroeira de favores!
Vivia a trabalhar de free lance;
Não teve a menor chance,
Só conheceu dores... Amores?!
Com o sabão e o ferro em punho,
Aqui e ali, e, sempre a sorrir,
Num lema de (quase) não pedir;
Doar-se era o seu testemunho!
Não tinha eira e nem beira!
Não fora nada de portento
E, em meio ao sofrimento,
Nunca perdia as estribeiras!
Também gostava de cantarolar.
Sentiu, sim, o peso das cruzes;
Teve seus amigos – suas luzes –,
E filhos por nomes: Tânia, Tatá...
A sorte não lhe bateu a porta!
De cara abortada, com esclerose,
Tísica, morreu de tuberculose.
Creio, o Céu te abriu esta porta!
(✝️Raimunda da Silva Martins – de Argemiro – 20/05/1998)