Vis-a-vis
hoje eu inventei um passarinho: Vis-a-vis é o seu nome.
“vis-a-vis!”: ele assobia do alto de seu ninho.
seu batismo não foi ao acaso, muito menos onomatopeia, tal e qual seu primo distante, que bem-me-viu e não acenou.
o Vis-a-vis tem outra natureza: bate o pesinho na janela e encara.
e seu encanto não vem do canto, mas sim do encontro do olhar: no canto do olho do bicho a gente se vê, puro reflexo.
o danado abre o bico feito um sorriso, e como que por reflexo nós sorrimos de volta.
certeza que temos ao bater a vista no espelho do olhar do Vis-a-vis.
meu maior espanto foi ter espantado minha amada invenção.
não hoje, não agora, mas com as cortinas que eu mesmo armei em minhas janelas.
a bem da verdade, não sei se é lembrança ou invenção, mas meu Vis-a-vis voou.