Pequena Vila

Numa pequena vila de pescadores fiz meu mundo, nova jornada

Ancorei os pés entre vielas e esquinas, há muito não navegadas

Num campinho de futebol, de grama rasteira, plantei medos e inexistência

E numa jogada de mestre, de artilheiro de várzea, goleei a imprudência

Numa noite de lua encoberta revelei meus segredos, parciais histórias

E pouco a pouco criei coragem para voltar às origens, recriar memórias

No tempo em que estou, me confundo, me recordo, e esqueço detalhes

Sinto a vida retornar, e passear entre o presente e o passado, cheia de entalhes

Numa rua de terra caminho devagar, sentindo o chinelo escapar a cada passo

E com os pés meio descalços perco o prumo, encontro amigos, relembro laços

Numa conversa despretensiosa, jogo papo fora, choro de rir com antigas piadas

E decido que da cidade grande, cada vez mais longe, só quero mesmo a direção da estrada

Num propósito interior vive meu resgate de valores simples, de relações exteriores

E assim decidido, conduzo a passos lentos um eterno adulto apressado, entre saudades e suores.

Flavio Marcondes
Enviado por Flavio Marcondes em 27/05/2023
Reeditado em 28/05/2023
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