Canto de Saudade

Quando voltas, moço?

É o que vim saber

Sentada, olho o céu

Pergunto às estrelas,

Diante delas, feito réu

Minhas lágrimas ao vê-las

Supondo o que tens a me dizer

Quando voltas, moço?

Por favor, mande me informar

Não aguento mais suspirar

Deitada, feito quem espera a morte,

Ferida pelo profundo corte,

Sofro sem piedade

Da moléstia dita saudade

Quando voltas, moço?

Não me canso de perguntar

Ainda que, em vão,

Preciso lutar

Não aceita o coração

Abandonar sua escravidão

E ver-se livre do fardo de amar

Quando voltas, moço?

Não me deixe a esperar

Entre um ou outro suspiro,

O destino pode me guiar

O mundo dar mais um giro

E o amor que hoje miro

No coração se afogar

Quando voltas, moço?

Entre lágrimas e sonho,

Indagando a lua

A orar me ponho

Implorando a carne crua

Que atravesse meu sonho

E tome essa alma sempre tua

Quando voltas, moço?

Preciso saber

Não que eu vá morrer,

Mas a vida tem mais graça

Quando, nela, estás presente

Anestesia-me a desgraça

Sentir seu hálito quente

Quando voltas, moço?

Creio que nunca saberei

Mas algo é certo:

Aqui sempre estarei

Para sentir tu por perto

Tua lembrança me aquece

O coração nunca esquece

Quando voltas, moço?

Esse será meu castigo

Por não dedicar valor

A cada segundo contigo

Agora, vivo nas trevas e na dor

A restos de sonhos, mendigo

Que te tragam de volta, meu amor