TARDE CINZENTA
Lá fora cai a chuva, mansamente,
cantando, sem saber, uma elegia.
E dentro de minh’alma é sol poente,
coberto de amor e nostalgia.
Lá fora cai a chuva, docemente.
Vou lembrando do tempo já passado.
E dentro de minh’alma está latente
a saudade desse tempo abençoado.
E a chuva continua seu lamento.
Pingo a pingo, gota a gota vai caindo.
E cada gota d’água é um memento
de imagens sublimes ressurgindo.
Primeiro minha mãe. Quanta saudade
deste teu coração tão casto e belo.
Passaste pela terra com humildade,
probidade e um amor puro, singelo!
A chuva vai batendo no telhado,
e as águas pelas ruas escorrendo.
Mais lembranças me surgem do passado,
e a tarde cinzenta vai morrendo.
A imagem de meu pai surge, sorrindo,
entre notas musicais de sinfonias.
E aos poucos, na penumbra, vai sumindo,
dando espaço às mais belas melodias!
Morre a tarde. Põe-se o sol no horizonte.
A chuva vai caindo levemente.
O arco-íris que desponta é a ponte
que arrebata para o além a alma da gente!
Juca Vieira
Imperatriz - MA
02/03/2021