Deixei na praia algo maior que palavras
Deixei na praia um cântico de amor,
Poesia escrita na areia,
O mar levou para meu dissabor,
Na areia não se semeia.
Porventura não quisessem que visse,
Ou pensaram que não viria,
Mesmo assim eu lhe disse,
E mais uma vez arrependia.
Daquelas noites beira mar,
Dos dias em sol mesquinho,
Costumávamos beijar,
Hoje estou sozinho.
Deixei escrito,
Descrito sob a parede,
Tarde demais oh bendito,
Sentiremos sede.
Eram serenatas,
Sorrisas sensatas,
Da vergonha e alegria,
Me acata, me cativa.
O que escrevi, edificaria castelos,
Aumentaria elos,
Sentimentos singelos,
De egos poéticos.
Superior ao eulírico,
Me faria rico,
Sem um centavo a gastar,
Uma moeda maior que o dólar.
Mas se naufrago em saudade,
Seria o barco ou a pedra glacial,
Afundaria nessa insanidade,
Ou navegaria em espiral.
Deixei à luz do sol um romance mesquinho,
Paixão ou medo de ficar sozinho,
Só saberíamos se fosse correspondido,
Amante iludido.
Aquele adeus poderia ser apenas até,
Que ficaria com a maré,
Maresia, que ironia,
Por nós, ela iria.
Iria nadar,
Tentar o mar secar,
Igual seco teu sorrir,
É um sentimento de matar ou morrir.
O que escrevi em Ilhéus,
Foi visto dos céus,
Não me recordo de nublar,
Mas recordo de amar.
É quase uma overdose,
De uma dose de querer mais,
Perco a pose,
De não te ver jamais.
Ah, a areia quente sobre os pés,
Quantos pés de distância estariam,
Quando os grãos esfriam,
Perguntarias quem tu és.
Deixei na praia,
Algo destoante de sua laia,
Trago à baila,
A vaia do meu coração.
Se veio,
Sobreveio,
Anseio,
Receio.
Jaz aqui neste vento,
Um belo sentimento,
Por uma mensagem que não verá,
Ama ou amará.