Gente Humilde
Amo caminhar pela cidade sem compromisso,
Ouro Preto inspira.
Sinto feliz em observar os casarões históricos.
Entendo que o cheiro de mofo, exalado em alguns trechos, pode incomodar narinas mais sensíveis,
porém até esse sentido do olfato me faz sentir transportado, fazendo crer
ser o "perfume" de um tempo que não volta mais,
(os porões em Ouro Preto, dizem esconder muitos fantasmas da época da escravidão, o que nem um pouco duvido).
Continuo em minhas andanças, caminhando ladeira acima, observando os becos, com o consolo que depois de tanto subir
testando o preparo físico, existe o momento, após passar pela feirinha de pedra sabão, de descer rumo ao Bairro de Antônio Dias. Forçando as panturrilhas mas aliviando
o esforço cardíaco da íngreme topografia típica da antigamente chamada Vila Rica .
Amo observar os detalhes das fachadas e se acaso esteja ocorrendo alguma exposição na Casa dos Contos,
não exito em parar para "respirar" um pouco de arte.
A aventura desse dia foi até o final da bela rua São José onde tem a vista do casario do Bairro do Pilar.
A emoção veio sorrateira, quando na parada para hidratação, de algum sobrado sobressaiu o som de uma melodia, uma canção antiga que meu pai muito gostava:
na voz de Taiguara, ecoava "Gente Humilde",
exatamente quando um aperto no peito fez cair nem sei porque lentamente uma lágrima...