Quando a saudade bateu na porta
Quando a saudade chamou na minha casa eu abri as portas e os braços pra ela
Deixei tudo confortável pra que ela se fizesse tão presente quanto possível
A gente sentou no chão, bateu um papo, tomou um café
A gente dividiu histórias sobre você
Quando a saudade quis ir embora eu não deixei
Tranquei portas e janelas e fiz do meu abraço as grades da prisão dela
Ela era tudo que me restava de você
Então eu me agarrei a ela com tudo que pude
Por que eu não tava pronta pra te deixar ir
Me agarrei a ela porque não sabia mais em que me segurar pra não me desmontar
Fiz da saudade minha própria casa, e me tornei morada pra ela
Ela parou de me bater pra tentar fugir
Passou a me envolver e acalentar quando todo o resto parecia ser apenas demais
Fundi a saudade em mim
Absorvi toda a essência dela até que não dava mais pra distinguir uma da outra
Me acostumei e encontrei na saudade minha zona de conforto
Um dia a saudade começou a incomodar
Parecia querer romper minha pele e sair de mim
Eu ainda não tava pronta pra ser eu sozinha de novo então coloquei uns curativos farrapados e ignorei o incômodo
E então os curativos romperam
A saudade explodiu e quis partir
Mas não sem antes me assegurar que só se ia porque sabia que eu tava pronta
Depois de me habitar por tanto tempo ela sabia que eu tava pronta
Pronta pra deixar ir de você
Pronta pra renascer
Pronta pra amar
Pra me amar