Quando a saudade bateu na porta

Quando a saudade chamou na minha casa eu abri as portas e os braços pra ela

Deixei tudo confortável pra que ela se fizesse tão presente quanto possível

A gente sentou no chão, bateu um papo, tomou um café

A gente dividiu histórias sobre você

Quando a saudade quis ir embora eu não deixei

Tranquei portas e janelas e fiz do meu abraço as grades da prisão dela

Ela era tudo que me restava de você

Então eu me agarrei a ela com tudo que pude

Por que eu não tava pronta pra te deixar ir

Me agarrei a ela porque não sabia mais em que me segurar pra não me desmontar

Fiz da saudade minha própria casa, e me tornei morada pra ela

Ela parou de me bater pra tentar fugir

Passou a me envolver e acalentar quando todo o resto parecia ser apenas demais

Fundi a saudade em mim

Absorvi toda a essência dela até que não dava mais pra distinguir uma da outra

Me acostumei e encontrei na saudade minha zona de conforto

Um dia a saudade começou a incomodar

Parecia querer romper minha pele e sair de mim

Eu ainda não tava pronta pra ser eu sozinha de novo então coloquei uns curativos farrapados e ignorei o incômodo

E então os curativos romperam

A saudade explodiu e quis partir

Mas não sem antes me assegurar que só se ia porque sabia que eu tava pronta

Depois de me habitar por tanto tempo ela sabia que eu tava pronta

Pronta pra deixar ir de você

Pronta pra renascer

Pronta pra amar

Pra me amar

galeba
Enviado por galeba em 29/01/2023
Código do texto: T7706895
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