Afeto
Deixei-lhe flores sobre a atra laje,
E desejei que descansasse em paz,
Lhe recitei uns Versos de Bocage
Que Poesia nunca é demais!
Lhe segredei alguns caminhos novos
E relembrei nossas lembranças idas
Igual a mosca que vai por seus ovos
No purulento vurmo das feridas!
Emocionado ao pé do seu jazigo
Lhe ofertei minutos dedicados,
Como se faz um verdadeiro amigo
Nos episódios mais enegrejados!
Falei pra ela que estive doente
Que precisei até ser internado,
E que apesar de ela estar ausente
Senti a luz do seu fiel cuidado!
E nesta hora tão emocional
A balançar as asas da candura
Solto do bando, um feliz pardal
Pousou alegre em sua sepultura!
Enternecido pela grã pureza
Que alargava o ternuroso instante
Me despedi da falecida amante!
Pra que ficasse com a Natureza!