PARADEIRO
P A R A D E I R O
Há tanto tempo não escrevo
Que nem mais consigo
Não entristecer;
Como se não mais pulsasse
O que tenho a dizer,
O que percebo e sinto
E que talvez valha ler.
Ausência vai amargando
Cobrando restabelecer
A paixão que virou vício
E ofício de entreter;
Unindo verbos em versos,
Contando belos notados
Que cobram ser anotados.
Vazio quase instalado
Mandou me avisar:
Paradeiro não se estenda,
Não fiquem os versos calados,
Não abafe o lirismo
Sumido a ser acordado;
Que o silêncio seja negado.