SOPA DE LETRINHA
Lancei ao chão todas as horas
Passadas,
Os anos que as vidas deixaram
E foram embora,
A dor no peito e as emboladas
E cantorias,
Na beira da estrada a criança
Ainda ria!
Com os pés descalços
Banhava-se no riacho,
A noite contava-se as estrelas
Os vagalumes nos pastos,
O casebre de barro coberto
De Inocência e alegria,
Sobrava tempo e sorriso
No outro dia!
Levantar com cheiro forte
De café levado a cama,
Vestido de pijama brincar
Com os animais,
Aconchegar ao colo da mãe
Fingir que ainda mama,
Ter a bênção do pai mesmo
Ainda sujo de lama!
Caçar as borboletas
No acampado,
Ouvir o mugido do gado
Por detrás da porteira,
Ir a escola levando a merendeira
Aprender o ABC como sopa de letrinha,
A memória nunca apaga,
O que nós esquecemos a vida
Inteira!