Tempos de suspiros e de ternuras

Aquela casa bonita, antiga,

de varanda e com um jardim requintado

eu queria ter

eu queria estar nessa casa,

lendo um bom livro a sombra da tarde

nessa varanda dos anos cinquenta.

Portas e janelas de jacarandá,

assoalho de madeira envernizada

firme e forte como tudo era feito

construído nos tempos da originalidade.

Ouvindo na radiola o disco novo de Vinícius,

lendo o livro saído novinho da gráfica de Drummond,

degustando os bolinhos de chuva da vovó Jajá,

vestindo a bermuda que minha mãe Minã, costurou.

ganhando ingressos do matinê no cinema

na rua principal duma cidade prazerosa,

onde habitavam generosos seres humanos

e generosos visionários da paz.

Um muro baixo, uma grama verde,

a escolinha da tia Margarida,

o ABECÊ cantado de có e salteado,

em minhas mãos na linda varanda de casa

um livro de poesias na qual eu lia com doçura

ao meu amor terno e sensível que suspirava,

era os tempos dos suspiros e das ternuras,

eram os tempos de algumas verdades e imensos sonhos.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 11/12/2022
Reeditado em 11/12/2022
Código do texto: T7669637
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