Sorvendo saudade
Tomo um gole da saudade que me aflige;
Escorre um gosto amargo por minha garganta,
Queimando em brasa,
Sorvendo cada gota que desce fervente,
Penetrando meu corpo numa dor sufocante.
Minha saudade é o néctar da dor!
É o líquido impuro de desejos,
De sofrimento suplicante por teus beijos,
Por tuas mãos bailando sobre meu corpo,
Por teus lábios úmidos, sequiosos pelos meus.
Em sigilo devoro tuas lembranças,
Para mitigar a nostalgia que corre um meu sangue
Tento digerir cada passo que relembro,
Cada chuva que tomamos,
Cada água que bebemos...
Em vão minha vida torna a refluir.
Tento apartar-me de ressentimentos,
Mas sou preso novamente em sua tirania.
Assumindo uma forma indistinta,
Que me afaga e me beija na face,
Em disfarce eu trago a saudade!