Quando eu partir
Se algum dia sentires de mim saudade
Daquelas feitas de comovida lembrança
É porque terei virado miragem
Pós dores, encontraste a bonança.
Lembra-te de mim vendo a lua
Que esculpe em luz minha face
E oscula-me de parte a parte
Na imensa e nua escuridão.
Se sentires alguma saudade
De tempos comigo cravados
Palpados, névoa fina, memória
É porque já não sou um contigo.
Sintas na brisa provisória o cheiro
O lastro da tez algodoada
E pagas por existida a vida
No seio da musa, amarelada.
Se te encontrares numa saudade
Semblante de um tempo pregresso
Que estrada tangida encantada
Espelhado em mim teu regresso.
Apaixona-te por um beija-flor
Sejas da flor longa vida
E faças zumbir tuas penas
De mim, em lembranças queridas.