PANELA DE FERRO
Panela de Ferro
(Celso Ferruda)
Foi aqui nesta velha panela de ferro
De cor preta, hoje, tão desprezada
Que saiu um alimento feito com amor.
Enquanto lá fora, caia, chuva fina e
folhas tremendo - aqui dentro, um vazio...
o estômago precisava se alimentar.
E a mão que conhece o amor e a bondade
Não permitiu a noite, que a dor da impiedade
Enchesse o mais cruel dos vazios da panela.
Uns picados de carne ao sol, foram rápidas
Uma água, um arroz ao fogo, surpreendeu:
Disse adeus, ao choro por fome, deste povo...
Que saudade da terra lavrada, sem lágrimas!
sulcos abençoados: a chuva regava. Eu sorria!
Tudo o que se plantava, também se colhia
Não, passava fome, aquele, que plantou um dia.
Saudades da velha panela, ao fogo fervendo
E daquela mulher, mãe e avó, que era só amor!...
Hoje, as saudades dos ancestrais são sabores
que jamais, jamais, sentiremos outros iguais...