CARTA PARA UM AMIGO

CARTA PARA UM AMIGO

(décima sem métrica)

Seu Dito Preto,

Um amigo que não me sabia se foi,

foi quase fora do combinado,

sem eu ter-lhe contado

um causinho que chamaria de “Oi?”

ou falado que gosto de “boi”...

Que seu melhor cateretê

São todos que “há de tê”.

Das poesias quase choro,

Das crenças e mal agouros,

Dos “da gaveta” bom de se ver.

Sabe,

A hora sagrada do domingo

Sem ser profana, mas sem religião,

Mostrava corpo e o coração

De Brasis escondidos, indo

Crente e descrente, rindo.

Queria tê-lo conhecido no “Da Barra”

Ou em momentos de farra

Do “café du bão” na caneca,

Os traços na testa sapeca

Onde minha solidão esbarra.

Olha,

O Brasil não muda enfim

A terra, mais pobre, é vermelha e caipira,

Seca causa fina poeira e centelha a catira.

As circunstâncias moldam em mim

Uma espera cansada do fim

De um novo velho novo,

Do popular “a galinha ou o ovo?”

Da lágrima de tristeza cada vez maior

Do que o teatro, samba, cachaça e suor,

pois ele (Boldrin) não volta amanhã, de novo.

Tarcízio
Enviado por Tarcízio em 14/11/2022
Código do texto: T7649568
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