CARTA PARA UM AMIGO
CARTA PARA UM AMIGO
(décima sem métrica)
Seu Dito Preto,
Um amigo que não me sabia se foi,
foi quase fora do combinado,
sem eu ter-lhe contado
um causinho que chamaria de “Oi?”
ou falado que gosto de “boi”...
Que seu melhor cateretê
São todos que “há de tê”.
Das poesias quase choro,
Das crenças e mal agouros,
Dos “da gaveta” bom de se ver.
Sabe,
A hora sagrada do domingo
Sem ser profana, mas sem religião,
Mostrava corpo e o coração
De Brasis escondidos, indo
Crente e descrente, rindo.
Queria tê-lo conhecido no “Da Barra”
Ou em momentos de farra
Do “café du bão” na caneca,
Os traços na testa sapeca
Onde minha solidão esbarra.
Olha,
O Brasil não muda enfim
A terra, mais pobre, é vermelha e caipira,
Seca causa fina poeira e centelha a catira.
As circunstâncias moldam em mim
Uma espera cansada do fim
De um novo velho novo,
Do popular “a galinha ou o ovo?”
Da lágrima de tristeza cada vez maior
Do que o teatro, samba, cachaça e suor,
pois ele (Boldrin) não volta amanhã, de novo.