O OLHO A ÁGUA
Traído o marido refugia-se em passos
retira-se para uma jornada
a navegar pela linda terra
conduzido pelo vento
as estrelas visíveis a água
formam-se em orvalho
de fogo ao ostentar
a razão de volver o corpo
o amor que partira.
Os pensamentos revolvidos
e ele diz-me palavras
absurdas, o silêncio
reflexo das palavras
de que o homem inteligente
reformam-se na solidão dos passos
consequentes do tempo perdido
guardados em lembranças
tornando retrato as figuras do passado
e o presente não olha o futuro
que desperdiça a vida e chora
desde a despedida do grande amor.
Traído o marido chora
a mulher amada sorri
em braços de outra pessoa
que não se lembra muito
dos afetos de outros
que tocaram melhor o que tem.
Esta vida é só sem ninguém
e a misericórdia não existe
para quem se enforca a saudade
devendo a alma a quem não quer.