Duas velhinhas - uma saudade
Eu queria morar numa saudade
Onde eu pudesse me deitar no tempo
Onde as estrelas me sorrissem de noite
E as memórias para sempre bailassem.
Eu queria refazer o meu castelo
Das meninices e da felicidade eterna
Onde eu fosse amada nas palavras
E onde os olhos que me guiam sorrissem.
Eu queria a certeza de um tempo
Em que hortênsias em canteiros coloridos
Prenúncio de existir em aconchego
Nos braços maternais que me envolvessem.
Eu queria que a vida não terminasse
E a saudade revivesse quem me importa
Quem amou-me nos tempo de criança
Para sempre nesta vida se estendesse.
Eu queria ter de volta aquela casa
Onde o sentido de existir se fez maior
As meninices ponteadas de folguedos
Nunca mais da memória se apagassem.
Eu queria poder voltar no tempo
Da inocência, da pureza e do carinho
Nas histórias arte pura e condensada
Em pés que pela estrada se esticassem.
Eu queria para sempre ter morada
No passado, na infância, passarinho
Ser do tempo a esposa e companheira
Concebendo quem de fato me importasse.
Eu queria nunca ter abandonado
Quem eu fui no colo das rainhas
A princesa que se consagra esperança
De encontrar quem de fato me quisesse.
Eu queria estar no quarto de costura
Arrematando as horas no tecido da vida
Onde o mundo teria cheiro de talco
E a felicidade partir jamais pudesse.