UM CORAÇÃO APAIXONADO
Quem dera a quimera,
Me levasse em sua plumagem,
Para outras paisagens,
Além do aqui, do agora,
Da angústia que decora,
O meu limitado ser,
Não me deixa perceber,
As cores da primavera.
Quem dera a minha atmosfera,
Sutilmente mudasse,
Eu encontrasse um jeito,
De sair do opaco efeito,
Desse conceito de vida.
Quem dera Hera,
Se transmutasse além da mitologia,
Se aproximasse, curasse,
A minha alma ferida.
Quem dera a cratera,
Sob meus pés, não mais se abrisse,
A espera por você, não fosse vã,
Você surgisse,
Na brisa da manhã,
Como uma poesia transcendida,
Me amasse...
Restaurasse a minha fotografia,
Tornasse vívido o meu estado.
...Mas tudo não passa de mera,
Divagação de um coração apaixonado.