Saudade

A saudade nunca é oblíqua

ela é sempre direta

não faz veredas

vai na veia

sangra a rocha

a pétala

não deixa sobras

e se deixar

a madrugada se encarrega

de sepultar na dor o poeta

como mesmo fizera

a chama da lua é vela

mas que a aurora

logo a enterra

aurora vindoura d'uma nova esperança, era,

como aquela que se acreditara, outrora

conseguir na América

para quem semeou um dia outono

para colher noutro

que não sabemos qual, primavera

mas e o poeta?

só o poema dele a nos agora resta

nem o seu fumo de canela

ou o vinho do porto

que viera dançando

pelo a-mar com as caravelas

só mesmo os versos ali

instaurados na página amarela

que ele já não mais os verseja

e nem mesmo pudera

pois a saudade a todos leva.

Poesia das ideias
Enviado por Poesia das ideias em 19/09/2022
Código do texto: T7609384
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